sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sobre o Amor



O que posso eu ouvir sobre amor que já não tenha sido musicado nas batidas cadenciadas do seu coração?
Que posso eu saber sobre amor que já não me tenham contado os seus olhos ?
Que posso eu perquirir sobe o AMOR que já não me tenha sido dada a resposta (?!) : SUA EXISTÊNCIA
Como pedir ao amor que seja ele menos do que nós dois  ?
Ora!!! Que posso eu querer do amor senão VOCÊ ! ?

                                      (M .Almeida ) 


                   

                                                              
                                      

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

É pra confundir




Já não  me cabe explicar ,venho pra nos descobrir
na confusão das suas certezas 
nas linhas tortas que ainda não li
Já não nos cabe explicação
a solução não tem mais nome 
quando até da confusão há fome .
Se eu for puxar-lhe o tapete será pra que sobre ele se deite
Cansei de prestar esclarecimentos 
eu vou borrar a curva do tempo nessa sua queda sobre o chão
não pretendo lhe iludir,o importante é confundir (NOS,NUS) :
pernas ,braços,fios, linguas ,fluidos. Caoticamente misturados
em sequência ilógica de tempo,uma  amalgama sólida de ventos a evaporar 
 o visivel em gemidos .A fuga aponta à lâmina sem ponta : incursão
incisiva ao interior um do outro .
Não importa racionalizar ,se é jogo há de embaralhar .Seja você
a carta que não descarta na mesa que não é posta , mas disposta a virar.
Não há resposta pra sua pergunta quando a pergunta é a propria resposta
Confundirá a provocação silente dos labios no vermelho gritante dos meus
inteiramente desapercebidos dos por quês escondidos sob as asas das horas...inteiramente alheios a quem somos por já não haver possibiidade de deixarmos de ser um só desde o mero e ingênuo ato  de nos fitarmos nos olhos



                                     ( M. Almeida )



                                

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Ainda Assim





Ainda que anoiteça nos seus sonhos natimortos
Ainda que o navio das horas me arraste do seu porto
Ainda assim...haverá você em mim
Ainda que a lua esconda-se sob as pálpebras do firmamento
Ainda que os seus olhos já não se permitam brincar com o vento
ainda assim ...haverá você em mim
Ainda que o vinho escorra pela chão da sua masmorra
e toda a canção que vibra  no seu pranto  morra
Ainda assim...haverá você em mim
Até mesmo quando o sol cansar-se de renascer as manhãs
ainda que todas as palavras esboçadas sejam vãs
está você ,ainda assim...em mim
Até quando não mais soubermos
a diferença entre o infinito e o eterno
estará você em mim...ainda assim
Mesmo que me tome  como louca
Estou no beijo que soterrou na sua boca
Estou na taça que entornou na sua roupa
Estamos sós e ainda assim...restamos nós










                                                                  ( M. Almeida )


                                                          


domingo, 9 de dezembro de 2012

Alados







Vontade a " La Carte "
exposta à mesa do tempo
no reflexo que singra os vasos sanguíneos do vento
Disparando a artéria que sangra da asa ao bico
contraem o diafragma das horas aflitos
no grito e sibilo que desafiam redemoinhos 
Pássaros sem ninhos
Seu apelo ilude da cabeça à pubis da ave rara
Entrecorta-se o silvo ,encanto massivo
Um acróstico noturno
anacrônico e soturno que ressoa profundo
nessas suas tão ardilosas gaiolas

                           ( M. Almeida )



                          

Passarinhando













Passarinhando,,,perseguindo sementes de estrelas no céu da boca da noite
Rasante .
Sigo errante em pouso vago sobre a superfície hostil .Teu lago
de águas turvas e fundas que passarinho não bebe 
A  solidão é ave que  só leva, 
Eu escolho seguir leve
Tecendo vôos com fios de destino, pairando me vou ,mal atino
Me siga astuto menino ,que se aprende a planar é  tentando
Nas nuvens só vão os sonhos ,ventando...ventando...
Voltando aos ares da mudança
De liberdade há aqui em mim herança, plumagem branda...
Somente em  ombro que houver mais luz e carinho
farei alhures meu ninho aonde descanso,aqueço,nos aninho.
Me vou nessa viagem a passarinhar  na   aragem do sul,de norte ao azul
No horizonte que espero , me levam os encantos ...gorjeiam-me tantos
De mim há tantos sons  e prantos
Quem não brincou de alçar-se  em pensamento
Quem não dançou na árvore do tempo
e não aprendeu a chorar entre sorrisos
,de mim não sabe  nem com espanto!
Nunca escutou,nunca me amou....nem entoará meu canto!

          

                                         ( M. Almeida )
  


                                   

                                             

sábado, 8 de dezembro de 2012

O Natal


 

Quando pensei em escrever sobre o natal não saiu nada...do que tencionei.Queria algo infinitamente bonito ...com uma suavidade que aconchegasse a alma do leitor e que transmitisse fé na vida ,fé nos planos futuros.Bem .. verdade : as vezes coisas bonitas teem as vezes conotação triste ,porque beleza em estado bruto também é tristeza exposta à mão sem maquiagem ou lápis de cor.Beleza também se doa em forma de  dor criptografada em papel ou em documento digital...
E penso com carinho na última montagem de árvore na qual verdadeiramente  participei...
    
                                                        *-------*-------*

No aroma  adocicado da calda de pernil no fogo ,na bagunça das almofadas na sala de estar ,na pressa desmiolada de cortar laçarotes de fitas...nos gestos rápidos com que escondia o meu presente para que não o abrisse antes da meia-noite .Nos cartões coloridos com a linda letra quase bordada nos envelopes...Nas luzes que pareciam brilhar todas ao seu redor ...
Você foi o meu Natal no abraço cheirando a cravo ,mal disfarçado pelo “Vetiver”.Sem que percebesse ,a especiaria dava um toque inimitável à fragrância amadeirada .Por mais que eu use óleo de cravo sobre a pele,até hoje jamais consegui imitar aquele cheiro...um cheiro de lar genuíno que infantilmente tentei recriar em minha vida,brincando de casinha com bebês que faziam pum pum de verdade e que cresceram rapidamente.Demorei a perceber que tudo o que vivi foi a vã tentiva de recriar a sensação  um portovivia o erstante seguro.Um lar imune ao caos da interação laboral sob a  sombra da qual parecia-me viver mundo.
O Natal  exalava você porque você respirava o natal!E impregnava o ar com a sensação de conforto que somente quem sabe manejar o leme dos próprios sentimentos pode fornecer aos que lhe rodeiam .Ainda tenho calos nas mãos ( literalmente ),que me doem ocasionalmente,por tentar direcionar o leme da vida no peito  e na raça.Abençoada maturidade que me fez descobrir que a experiência e a auto-confiança são os melhores cursores ...
O Natal estava no seu sorriso ,na sua benevolência em receber e agradar a todos sem distinção...Nos seus natais todos eram irmãos .Amigo(as) cunhado(as)...até o zelador que mal conhecíamos.
O carinho e otimismo que punha nas mãos delicadas  ao desembaraçar a folhagem brilhante que se amontoava na caixa de papelão .O brilho de esperança nos seus olhos  ao desembrulhar os minúsculos anjinhos prateados ,como se um gesto tão simplório pudesse despertar as energias mais positivas do universo .
Mas todo o propósito do mundo é a transitoriedade .É o constante ir e vir de sons e  luzes ...de felicidade e  naufrágios .Quando dei-me conta não havia mais natal.Porque você já não estava lá....
Desde a  noite em que seu sorriso congelou de modo fatal,não mais acendi a árvore desfiz-me das bolas ,tantas se partiram .Desfiz-me de mim e de parte da inocência .Dos conceitos  circulares de um espaço acolhedor . Com toda a indecência  que pude dispor no momento ,percebi bem ali , no pátio em frente às portas escancaradas da minha alma, a vida que continuava..a máxima dos ciclos  existenciais . E eu estava só ...seria somente eu contra mim,nadando na correnteza de um mundo aonde a doçura só existe via de regra para as formigas que invadem sorrateiramente a padaria da esquina.
Ainda doi-me pensar nas bolas vermelhas e brilhantes esmigalhadas no armário com odor de naftalina.Ser mulher ainda tão menina me fez crer que bolas vem e vão-se em prateleiras de supermercados...mas o que se parte e esmigalha dentro do coração não há repositório,não pode ser substituído a preços promocionais.Barganhas emocionais terminam  sempre em prateleiras de lágrimas e mágoas , colecionáveis  a títulos pouco convencionais.
Ouço o coro :então é Natal.É eu sei,não o entoo como dantes, mas sinto :É NATAL e desejo de coração a todos que amo e respeito que o Natal seja-lhes extremamente benéfico,farto,feliz e perene  nos seus espíritos. Em algum lugar dentro de minhas lembranças aqueles Natais  sempre se repetem ,e só quando todos dormem e as luzes coloridas me fazem companhia na sala eu me sinto à vontade para fechar os olhos e sussurrar aos meus fantasmas tão queridos : - É Natal,aonde estiverem desejo que estejam bem também...e  eu sobrevivi . Eu preciso sobreviver sim...E para você , minha “fada madrinha “,nem digo nada porque sei que nesse dia você estará  ali comigo,escutando o meu coração para sempre ,porque você...ahhh...Você sempre  foi o meu verdadeiro Natal!

                                                               ( M. Almeida )

                                                 

Entrega







Os súbitos de mim palpitam cores 
na tela em branco da sua imaginação
desenhando carinhos nos escuros
profundos de nós .
Uma abstração neo modernista de tons
pra iluminar os seus olhos ...
a entrega em matizes indóceis 
que retinam-se nas gargantas
O todo imperfeito dos fragmentos 
inteiros que sou ,ao seu dispor.
Não,não é altruímo ...é que sem o brilho
dos seus olhos ,os meus choram


                                       ( M. Almeida )

                                                                   

Motivo







Por que ? 
Ah ,porque  vida é isso !Essa surpresa 
inconstante entre um respirar e outro 
inspirando o próximo  passo
A vida é isso : espasmos súbitos 
expiando culpas  no engasgo das lutas
no marasmo dos surtos
expirando calor .
Ah,vida deve ser isso:
algo entre a contração instantânea 
dos sentidos e a entrega solta aos solavancos
nos flancos do gemido que condiciona 
o diafragma do mundo
Vida é pulsão em contrair dívidas
com as proprias expectativas
 e contrariando a indulgência
transpirar,reiterar ,ejacular urgências


                                                             ( M. Almeida )


                                    

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tempo Verbal









Abraço suas dores pretéritas 
em troca de sua alegria incerta
Enlaço suas ânsias presentes 
submersas em seus desejos
na brisa que lhe sente ,no gosto do meu beijo
Aceito todos os seus  sorrisos e as suas lágrimas futuras 
Transitiva , direta e indiretamente
Conjugo-te sem preposição ou advérbio
Puro ,inteiro em verbo e verso
  



                                             ( M.Almeida )



                                             

                          

                                     
                                               



                                         

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Flerte







Sorriu-me assim como a querer roubar
da minha minha boca um beijo imaginário
Sorriso icógnita como a desejar eternizar-me os olhos..
os seus únicos destinatários.
Fitou-me como o maestro a decifrar a partitura
de um ritmo inventado
Fitou-me assim ... como quem espera
poder sentar-se ao meu lado
Eu,que de amor pouco entendi apenas sorri-lhe
Encantada ,guardei na pele o perfume da sua respiração
retive na minha o hálito com aroma de drops de hortelã
Guardei-o no vento ,em redoma de ternura
sem que ele sequer desconfiasse
Eu, que em cada sorriso dado aquiesci-lhe silenciosa...
Disposta mesmo a roubar o perfume de todas as rosa para enfeitar a sua vida
Disposta mesmo a plantar infinitamente na minha pele  o seu calor...até que a primavera do tempo em um abraço cúmplice ,nos eternizasse
                


                                                ( M. Almeida )