domingo, 2 de dezembro de 2012

Noturna





Olhares esquálidos
de sombras polidas
Resquicios de vida
nos sorrisos pálidos

Ela na arcada observa
as alegrias de validade vencida
e atreve-se a sorrir com as estrelas 
desafiando os letreiros em  neon

Catatônicos ponteiros os
despertam do transe
entoando frases de alforria interna
abre-se a caverna e autômatos
seguem a avenida  viva 

Na sala ao lado o tempo congelado
ela entabula diálogos imaginários 
com a boca do gargalo
o os ombros do travesseiro
Esquecida da saída
das escadas e das horas,ignora
 a massa fermentada de pessoas
vagamente  avistadas

Formigas à distância de um colo
das janelas vitrificadas ao solo
Compartilhando as folhas frias do desânimo
espelhado nas faces dos seus homônimos

Ela ainda os percebe
existindo em sua própria vala
enquanto os seus sonhos escoam
nas incertezas que brotam
pelo ralo que arregala a sala


                              ( M. Almeida )

                             
                                          




        



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