Olhares esquálidos
de sombras polidas
Resquicios de vida
nos sorrisos pálidos
Ela na arcada observa
as alegrias de validade vencida
e atreve-se a sorrir com as estrelas
desafiando os letreiros em neon
Catatônicos ponteiros os
despertam do transe
entoando frases de alforria interna
abre-se a caverna e autômatos
seguem a avenida viva
Na sala ao lado o tempo congelado
ela entabula diálogos imaginários
com a boca do gargalo
o os ombros do travesseiro
Esquecida da saída
das escadas e das horas,ignora
a massa fermentada de pessoas
vagamente avistadas
Formigas à distância de um colo
das janelas vitrificadas ao solo
Compartilhando as folhas frias do desânimo
espelhado nas faces dos seus homônimos
Ela ainda os percebe
existindo em sua própria vala
enquanto os seus sonhos escoam
nas incertezas que brotam
pelo ralo que arregala a sala
( M. Almeida )
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