segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vide Bula


Remédio contra o tédio
Uma dose insana de poesia
injetando adrenalina
na veia que pede a morfina
lícita dos nossos beijos
Duas doses inumeramente cavalares
de tudo que faz bem
A receita você tem : abuse com moderação
Use ao primeiro sintoma de tesão
Não divida com ninguem
Posologia ,várias vezes ao dia
Ativos : chega de passividade
Reações adversas : as linguas uma nas outra
beijam-se mais que versam ...
Farmácia de manipulação: formula personalíssima
feita sob encomenda pra VOCÊ !
Jamais esqueça ,armazene em lugar aconchegante , longe do calor
 Prazo de validade : indefinivel !
 Na dúvida ,VIDE BULA !

            

                                            ( M. Almeida )


                                

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Eufemismo










O peso de tudo o que deixa mudo

Abafa o ruído surdo do tambor que redunda o peito

Um conceito imperfeito de alma:coração

Tecido contrátil que expande na veia a morfina da vida

Seguindo  retrátil pelos becos sem saída das nossas idas

Pelas vielas  amarelas  das páginas que não foram lidas

Sequelas  de nós ,sem voz.
O amor que mata  porque odeia amar

Ressucita  luz pra nos reiventar


               ( M. Almeida ) 

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Por Que ?









AMOR PORQUÊ ? [Perguntaram -lhe]
-Porque emprestaria-lhe para sempre um dos meus olhos pra que dividíssemos a dádiva de visualizar o mesmo horizonte ( suspiros )
-Porque daria-lhe de bom grado um dos meus braços para que tivesse mais força pra segurar a minha mão confiantemente ( sorriso tímido )
-Porque lhe cederia um dos meus pulmões apenas para que respirassemos juntos na terra ( soluço preso )
-Porque embora não pudesse ficar de pé se lhe oferecesse as minhas pernas ,ainda assim o carregaria ao meu lado ainda que não tivesse as dele ,pra que me acompanhasse SEMPRE .Jamais me pareceria peso .Jamais queixaria-me preso ( lágrima )
AMOR CONFUNDE-SE COM ?![Insistiram ]
-Não se confunde com nada ,nem com coração ,ego ou ilusão.Amor de verdade é inteireza na própria alma ...
DOI ?
-Sangra luz por dentro,ainda nos dias em que a alma do outro esconda-se na escuridão

  



                                                 ( M. Almeida )
   



                                          


                                    

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dilema




De todos os rostos
entre todos os gostos
VOCÊ
Ainda que sob máscaras
arranho tuas palavras áperas
VOCÊ
Subjugando-me  à  teus econderijos
Subtimando-me  : sou o teu capricho
Agora diz-me a alma que fareja
nos teus olhos a obscuridade
Agora diz-me  em teu quadrante :quem é o meu amor de verdade?
Pra não olhar-se no espelho do proprio sentimento e compreender
Melhor fingir que não vê
Melhor ultrajar ,desmitificar a verdade
Pra que ela não lhe diga ,não lhe grite à revelia: o meu amor poeta
O amor da minha vida ,o homem que eu quero
È  VOCÊ
   


                            ( M. Almeida )



                           



                          


                     

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Jogada



Rolam os dados confusos,
opostos viadutos em
Olhos difusos que espreitam a mesa.
No contraditório do número ,o inúmero
acrescenta mais fome à certeza 
Discrepância de vias todavia 
a noite é  dia misturando madrugadas   
Sob o veludo das horas a roleta  é russa
a canastra é real e brusca 
Dobrar  apostas ,fichas expostas 
Me tens senão nas mãos
Ganho-te assim que souber
Como chegar a um lugar qualquer
Sem medo  algum quando quiser
e sempre que quiser  confesso :
lhe amo,lhe quero, professo !
A dama pertence ao rei : é lei
 Deponho as armas aos pés da tua fé
 A palavra é teu nome ,único...
Pra o que der e vier



                                     ( M. Almeida )



                                  

Vampírica













O cheiro forte,enfeitiçando a hora,corrompe e delata a sede
tragando-o à sorte nessa demora finda umedecendo a língua em esconjúrios sagrados .Olfato apurado é faro.É fato.Marcado !
Murmúrios congelam em fotografias manchadas sob as roupas
A memória que prega (NÓS) peças toscas tornando o perigo certo :toda a exatidão e pouca .A palavra verte hemorrágica disfarçada de sono ,e na tentaiva sádica envenena-se na boca
Por todos os anexos ,o vermelho reflexo é complexo
Ao certo é crime confesso :o aroma de sangue professo escorrendo a luxúria da calúnia ...é de textura dissoluta
na pretensão do meu verso e na vontade absoluta em que afias a lâmina no contorno do plexo : teus inversos .Temperatura exata pra embeber todo o beijo na urgência conexa de escrita relida que é professa ambidestra.Tem perfume de pele ,a diretriz da flecha e odor de desejo.É palavra atesta.


 


                               ( M. Almeida )



                                                    

Preto no Branco





A exata materialização da verdade : PRETO NO BRANCO.
Deu branco ?Não deixe a coisa ficar preta .
Pode por descuido no máximo ficar cinzenta.
Mas à despeito das nuvens ,a cor da alma é transparente
e já que é pra fazer diferente ,a gente tenta...
A gente tenta....


                           (M. Almeida )



                             

Lembrança




Yvy segurava a pequena caixinha dourada com o mesmo encanto da primeira vez,quando o seu pai lhe entregara um pequeno volume embrulhado em papel prata , brilhante e envolto em um enorme e fascinante laçarote cor de rosa.Como poderia esquecer o seu aniversário de quinze anos ? Parecia-lhe tão real quanto se houvera sido ontem .O sonho de toda a menina!Recordava nitidamente o abraço carinhoso do pai e a expressão de ternura em seus olhos naquela manhã de Fevereiro .Quinze anos !A "bonequinha" tão querida e mimada pela família,ainda guardava traços da garotinha sapeca e meiga que não dispensava dançar ,cantar e ler .A "alegria da casa" como era chamada pelas tias sisudas  que não conseguiam resistir às suas palhaçadas .Em pequenos flashs ,toda a sua infância passou-lhe pela cabeça como a montagem de uma história que parecia tão recente quanto o ingresso no ensino médio.
Ela ,tocando violão escondida no quarto para que a mãe não a visse encostar no diGiorgio de tarrachas trabalhadas em madrepérola ( conforme instruções,só em pensar pôr o dedo já seria sermão certo !)
Ela,tentando equilibrar-se na primeira bicicleta e por não saber manejar os freios ,espatifando-se nos latões de lixo no final da rua inclinada ( sempre que lembrava disso ria muito )
Ela,recebendo um sermão da professora de artes ,porque não acreditara que o desenho entregue era mesmo da sua autoria.Disseram ser muito bem feito para uma criança daquela idade ( teve que repeti-lo ao vivo e à cores para o conselho de classse )
Ela recebendo do tio o primeiro livro de poesia de toda a sua vida ,que decorou sem perceber de tanto recita-las em frente ao espelho.
Apesar das inseguranças e traumas ainda guardava boas lembranças dessa época .Mas a melhor delas ...sim, sem sombra de dúvida ,havia sido a valsa ensaiada dezenas de vezes com o pai .Uma data marcante sem dúvida : Quinze anos.Uma valsa encantada:somente ela e o Srº Carlos .Sem festas,sem platéia ,só quem realmente lhe importava ( estar com quem era de fato importante ) .Uma lágrima fugiu dos seus olhos quando abriu a pequena caixa e percebeu que ainda havia corda suficiente pra entoar o "Tema de Bárbara ".A lágrima tão pequena ,ainda assim pareceu maior do que a cabeçinha da bailarina de biscuit que girava sobre o pequeno pedestal de veludo vermelho. Pensou consigo mesma : " Uma lágrima lhe veste pequena bailarina....mas ,espera !!Isso dará uma linda poesia: vestida por uma lágrima ,não de  angustia ,mas de alegria  "
Correu à bagunça indisfarçãvel da gavetas da escrivaninha e pegou a peqeuna agenda cor de rosa ,que  transformara em caderno de poemas .Escreveu sem perceber o tempo .Um tempo que preenchido  pelo que dá prazer,parece parar !Observou o relógio de pulso que deixara sobre o colo enquanto escrevia.Era exatamente a primeira hora do dia dezesseis de Fevereiro .Quando enfim sua mente aterrisou das nuvens percebeu então ,que a um dia atrás ,enquanto contava para si própria um arremedo da sua história já haviam alguns anos que o pai morrera,e ainda assim não conseguia acostumar-se àquele fato.Suspirou cansada ,não a mente..o corpo e constatou que , escrever sempre consgui fazer com que as horas passassem mais rápido do que quando estava empenhada em qualquer outro hobby .Apagou a luz acendendo mesmo sem querer, mais recordações .Essas envoltas na aura dos sonhos...à espera de serem redescobertas ...


                                                        ( M.Almeida )



                                                  

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Desarme







 A dúvida não lhes beijaria a fronte ainda que batesse à porta daquelas faces que procurararam virar-se à mesma.Há que ser Duo de certezas.
Sabia ela o quanto estava em jogo ,ironicamente o que  apenas parecia ser fogo !Desses de palha que incendeiam celeiros abandonados aonde a um tempo couberam os fantasmas ,dançando na fumaça inodora das rasuras se seus passados .
Depois dos carinhos pré( monitórios)  desenlace da vontade pré concebida...,após o banho,pré (IN)ciso (preciso !) e das tantas concessões labiais retrucando fonemas desprovidos das dóceis máscaras que a estrofe lhes pôs ( bárbarie poética evocando o instinto primitivo das presas que caçam-se entre dentes e abraços ) ,ainda irá amar  desejar e querer a concretude de tudo o que seja ela , ainda que lhe seja pouco ? Ou amava apenas a impossibilidade que lhe inspirava o mistério do da inconstância ?
Após os rosnados macios ,as respirações gruturais  e tudo o que viesse a mais :ele veleiro ,mastro inteiro inventindo contra o alicerce do cais...iria então querer  a paz ? O marasmo gostoso que flutua nos olhos como sombra colorida ,anestesiando a consciência para que os músculos percebam a intensidade de cada terminação nervosa ainda dilatando-se sobre o calor do fluxo sangiuíneo...
Paz :Um mergulho no céu que da boca passou ao dentro .Um dentro que parece ser peito mas que é alma. Uma colheita de estranhas estrelas redesenhadas  no teto alvo enquanto o amor feito brincadeira ,corre na entrega  rompendo ofegante  a carne e atingindo certeiro o alvo no brinde espumante da completude .Salvo .Acolhido ,recolhido no abrigo .Ainda depois do depois ,em voz muda ,o calor de dois...seria capaz de amar ? Á mesa ,nos olhos da certeza mirar a transparência do dia fluindo natural de encontro aos detalhes nus de cada face ,não mais estranhas ?
 Quantas rotações sofrem um "para sempre " em questão de mínimos segundos,quando ultrapassa-se o choque inicial de entender que a única garantia do amor é deixar-se fluir à luz ,sem as armaduras lacradas pelo medo ?!

                                     

                                                                ( M. Almeida ) 




                                              

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Maratona







Cansada ... o peito arfando,arrítmico ,mal podia respirar .Não podia demosntrar aos adversários a sua fraqueza.Mas não podia mais demosntrar uma força que não possuía e que extraíra nem sabia de onde para conseguir  vencer aquela competição .Queria desabar em um  abraço confiável .Precisava do prêmio para alcançar os seus objetivos.E ninguem,absolutamente ninguem acreditava que as metas não se destinavam a auferir benefícios financeiros . A maioria dos seus amigos havia se afastado .Em decorrência dos longos períodos de treinamento e concentração,deixara de participar das rodas semanais de  bate papo na lanchonete do bairro .O cinema do shooping já não lhe parecia tão atrativo .Por incrível que pareça não sentia falta da antiga rotina .Sentia-se plena apesar do intenso e visível desgaste físico .Sua conciência estava tranquila,batalhara pelo que queria e  o mais importante : em momento algum  trapaceara ou passara por cima de alguém para conseguir romper a reta de chegada.
Seria suspeita para falar mas tinha certeza quase absoluta que se a sua mãe fosse viva ,sentiria muito orgulho dela .Isso acalmamva um pouco o seu coração.Mas ainda faltavam alguns metros para a linha de chegada e um dos seus tendões estava machucado.Se não reagisse rapidamente poderia ser ultrapassada a qualquer  momento apesar de encontrar-se em considerável vantagem sobre os demais concorrentes.Maratona mista,maior inimigo era cada qual deles.A mente confusa ,o corpo faminto não traduziam  com precisão a sinalização do percurso .Não poderia afirmar mas sentia de uma forma muito profunda que seu objetivo era nobre.Um sonho,algo que idealizara desde a infância.
Mas que importava isso agora ? Tentar forçar um raciocínio rápido poderia acelerar a ansiedade e  capacidade de discernimento .Ninguem acreditara nela , e somente a sua certeza ferrenha a havia acompanhado todo o tempo sem nenhuma sombra de tropeço.Ainda ali,parada ,machucada ,aquela certeza estava de pé ao lado dela gritando forte no seu subconsciente que acontecesse o que acontecesse ela chegaria aonde fosse preciso.E chorou .Pensava sequer possuir mais lághrimas mas chorou .Fazia falta um ombro de confiança aonde pudesse simplesmete soluçar .Fazia falta o amor que a abandonara por acreditar que a ela mais importava a competição do que ele próprio.Mas nem desconfiara que era por ele.Precisava equilibrar-se para que fosse forte o suficiente para estar com ele em um futuro idealizado,sem que precisasse fragiliza-lo por motivos banais ou de auto-estima .E ainda assim ele não acreditara.Percebeu pessoas aproximando-se da sua posiçaõ.Ou ao menos tentando.Não sabia mais se queria sequer mover-se.Nunca se tratara de uma competição ."Que se danem "-pensou-" O que trago em mim é maior ,o que eu trago em mim é melhor do que quqlaquer trofeu de plástico ou de metal que serviria para causar admiração ou inveja à platéias de curiosos.
Apenas chorou .Chorou na esperança de que  houvesse alguma coisa muito boa ( como essa tal justiça divina que ela nunca havia visto pessoalmente ) que aclarasse os caminhso,que atenuasse a dor  no braço ...que fizesse o seu amor entender que ainda que ela não chegasse tão intacta e rapidamente o quanto vangloriara-se se ele ao menos fosse abraça-la  às margens do reta  final tudo ficaria bem ,porque ao lado dele nunca conseguiria idealizar finais.As sombras da noite caiam sobre a estrada.Não distinguia se era sombras noturnas ou a sombra das copas das árvores que projetavam-se como prolongamentos de um sol ainda existente .Chorou...à espera  de nada mais.Ou de tudo o mais .Quem poderia saber ?



                                                         

                                                            ( M. Almeida )



                                                               
                                 


                                                                 

Banho Maria









  Mas que mania tinha aquela garota !Só porque se chamava Maria ,cismava de cozinhar sonhos em Banho-Maria.Mal devorava-os e já em carência se consumia.Enquanto o leite esfriava ,o café recém-passado ,convidava a ser tragado por tudo que embriagava-os : a sede que neles fervia

                                   ( M. Almeida )





                                           
                                    

                                


                                     

Sua Dita



A parte que predomina fascina
A obra oculta assombra
A menina na mulher que rompe a sombra
e assina a escritura assassina
datilografada por fadas nos
Umbrais dos seus olhos
Recolha-os : os cacos
dos seus copos plásticos ressequidos de bocas...
dos seus corpos tidos , ressentidos de libido
Teu asco misturado ao tempo é o
Ciclone que cria e leva
a mudança das suas trevas
para a casa ao lado
Particípio presente e lento
vermelho no seu espelho dá cor à sua dor
Ator do vento que leva o tão longe tão pra seu dentro
Leva o que ainda não possuiu, bem pra seu dentro
Dentro do tempo do que é tudo que seu é....dentro

                                ( M. Almeida )


                            

domingo, 3 de fevereiro de 2013

                                           





Colha-me ,flor serei em teu abraço
Me perfuma de certeza
Terra nua é a beleza do teu cheiro de semente
acolhido em  meu regaço
De um jeito displicente que independe
da perfeição de não o ser
(Im) Perfeitos
(In) Seguros
Insanos...porque somos ?
Não precisa ser perfeito
Não precisa ter um jeito
nem precisa ser no leito
pra gente se convencer
que existe eternidade
aonde  nos esconder
dentro da realidade  
Um ao outro pertencer...
Não precisa ser perfeito
Não precisa ter um jeito
nem precisa ser no leito
pra gente se conceber...

Só precisa ser amor
ter o meu e o teu calor 
e nesse meu coração teimoso
que te prende sem remorso
pra ser amor é fácil
pois tu vive em mim indócil
Não precisa ser perfeito
Não precisa ter um jeito
nem precisa ser no leito
Pra gente provar  que é
Mas pra mim,sabe o que ?! 
Não precisa ser perfeito
Não precisa ter um jeito
nem precisa ser no leito
Só precisa ser você
Só preciso ter você

     

                                           
                                               ( M.Almeida )

                                                  




                                                                 

                                                                               

                                                                              


Gosto


O gosto na boca
é doce que brinca na lingua
esbarra no olfato
arrepia os sentidos
Eu gosto!
Provar de  surpresa
lambuzar com um gemido
o sabor do que é bom
Bom Bom
Chocolate em barra ou Batom "Garoto"
Hummmm...
Batom derretido no canto esquerdo
do lábio ao lado
quente , líquido ,gelado ...delícia
 Matar  fome  do prazer no ato inocente
Vestir em calda o corpo ,na proposta indecente
Bom-Bom..Bom
escorrega do palato ,fato,,,
 ao beijo de cor marrom
Batom que  desenha mordida,boa pedida...
 acalma desejo
no queixo melado .Psiuu... eu te "queixo ":
Garoto (safado) teu beijo
é bem mais GOSTOSOOO
que goiabada com queijo



                                                        ( M. Almeida )

                                            

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sim-Seriedade II


                                                               II


Eram jatos intensos de emoção explodindo sorrisos,implodindo lágrimas.
A corrida nunca fora contra o tempo.Contra as urgências e contra as dúvidas ( alheias ),sim .Sempre soubera muito bem o que queria e como e onde iria chegar.  Talvez não estivessem errados.Pessoas não cumprem o que dizem.Pessoas sequer são o que dizem ser.Pessoas esperam de outras aquilo que talvez por ironia não lhes possam dar  em troca.Os pensamentos cruzavam ariscos por sobre o arco dos próprios sonhos,convergindo de volta ao seu íntimo como setas envenenadas com altas doses de adrenalina .Saber exatamente como moldar a ilusão para adequar-se  ao  manto de uma realidade tanto quanto dúbia .Precisaria arriscar Nem que o primeiro beijo fosse inteiramente pela metade
Ela que aprendera  a não esperar nada mais de mais ninguem,nunca soubera porém negar-se.Eram tantas as idéias  e tantos os ideais que extrapolavam os desejos pra rasgar as meias verdades
Inquieta por natureza sentia-se em paz aonde pensava dever estar.Era uma paz bem láááá...à prazo fixo ,num tempo prolixo sem pressa de definir-se .Mas era paz .Inquietar-se de amor pra quem sempre sonhou com ele ,seria pura paz. Mas seus fins de mundo instantâneos que concluiam-se mais rápido que macarrão "lamén " pareciam  assustadores para a maioria das pessoas.Como reagiriam, a ela depois do primeiro beijo...da primeira noite , quem esperava que a esperasse ainda  a amaria ?
Era tão difícil desabafar.Como explicar tantas outras  coisas que a olhos neutros seriam inexplicáveis ?Ah,porque só quem sente pressente.Só quem sente ressente e ainda assim aguenta firmemente .Que ao menos ele fosse preservado da insegurança, até melhor não descobrir como desmoronava por dentro.Poderia ter seu medo confundido com incerteza e melhor não arriscar.Insegurança é  pessoal.Papo dela consigo,porque não lhe restara pedir chão .Uma folha corrida de décadas de solidão.
Porque ter alguem  ao lado nunca significou presença física .O mundo lhe foi ermo desde os dezoito.Não sabia dizer ao certo se nunca tivera família ou a família nunca a tivera.E ser o patinho feio a fez aprender a não confiar em ninguém ( e ainda assim confiava .A vida toda quebrara a cara e continuava confiando ) Aprendera  a voar mal e a cair bem .Mas não aprendera a menosprezar o amor.Uma vida praticamente vivida em função de uma suposta metade  que quase na metade da vida passou a acreditar ser um conto da carochinha
Agora o que fazer do futuro ? Os bilhetes mais recentes ,borrados pelas lágrimas haviam sido amarrotados pelo desespero .A alguns dias tudo parecia tão certo...datas tão nítidas.Passos tão firmes embora a mente frequentemente se perguntasse : como vai ser ? E se para mim estiver tudo maravilhoso mas pra ele não ? Será que vai doer mais do que não tentar ? Tudo já tão confuso em termos de comunicação.Naquele distante lugar não havia telefone e não sabia até que ponto investir nas  cartas .Ouvira histórias de cartas extraviadas,correspondências violadas e sempre fora tão reservada em  relação aos proprios sentimentos.Estava sendo difícil quebrar tabus,barreiras.Estava difícil permanecer inteira quando sentia-se parte de uma abraço suspenso nos dias .Se a amasse esperaria.Mas...e se não amasse  que esperaria ela então ?

Olhara diversas vezes para a mala ao canto .Esquecida do seu perfume ,dos seus Cds...das suas roupas.Prateleiras reviradas.Retirara e recolocara peças sem perceber que era a ausência nela, a incompletude persistente que espreitava -lhe a penumbra.
Na bagunça do quarto nada mais a lembrava .Quanto mais olhava ao redor ,menos sentia-se parte daquele ambiente.Era aonde ainda conseguia esconder-se para chorar.Sempre tão contida ,via-se indefesa.Criança presa em um corpo maduro que não traduzia sua fragilidade .Encolhera uns vinte anos mentalmente.Regrassão atípica !Faltava pouco pra engatinhar e pedir um colo à(o) primeira (o) que passasse ,só pra fingir que tinha pai e mãe e por fim soluçar até os olhos incharem e o nariz virar uma bolinha arroxeada.Mesmo que por alguns minutos...mesmo que um pouquinho de mentirinha.Maior problema com pessoas.porque essas não entendiam porque chorava.Não poderiam saber a importância do que estava dentro dela.Brincadeira talvez pra outras pessoas.Não para ela.
Respirou fundo.O bilhete aéreo com data em aberto perturbava  os seus olhos fechados que apertavam-se de cansaço e espremiam-se  sedentos por esvaziarem-se de lágrimas .Algumas palavras ainda ecoavam na sua mente desde a ultima vez que se falaram:" não há mais tempo "...e seu coração respondia baixinho pra si propria : "Quando há amor sempre há tempo ".Ou o amor dos outros não era amor ou era um amor diferente ,daqueles que pensa que é, mas só que não.,porque amor  sempre enxerga além do proprio umbigo.Que importava agora ?Se tudo o que mais importava parecia não importar  a mais ninguem ?Ninguem percebia o quanto estava pequenininha escondida nela mesma ?Não percebiam o quanto as paredes  pareciam-lhe acusadoras ,sempre jogando-lhe na cara os  seus infortúnios ?! Não,certamente não percebiam...Melhor não tentar explicar mais nada ,ninguem iria entender ! Precisava descansar de si mesma ,se amar,porque ninguem faria isso por ela .Tentar fingir que viveria mais dias ,sabe-se lá quantos ... sem o que  (quem  ) sabia já não conseguir mais viver.
Tudo aquilo pertubara-lhe toda a semana sem que ninguem desconfiasse .Até desconfiavam...a ânsia lhe era trasnparência nos atos,nas palavras,na agressividade  com que agia quase mecanicamete pra disfarçar o furacão de pressa e medo que brincavam de pique - esconde  nas multipolaridades dos neurônios .Ninguem apenas conseguira entender a razão.E muitos continuariam sem...entender.



                                                  ( M. Almeida )