sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sim-Seriedade II


                                                               II


Eram jatos intensos de emoção explodindo sorrisos,implodindo lágrimas.
A corrida nunca fora contra o tempo.Contra as urgências e contra as dúvidas ( alheias ),sim .Sempre soubera muito bem o que queria e como e onde iria chegar.  Talvez não estivessem errados.Pessoas não cumprem o que dizem.Pessoas sequer são o que dizem ser.Pessoas esperam de outras aquilo que talvez por ironia não lhes possam dar  em troca.Os pensamentos cruzavam ariscos por sobre o arco dos próprios sonhos,convergindo de volta ao seu íntimo como setas envenenadas com altas doses de adrenalina .Saber exatamente como moldar a ilusão para adequar-se  ao  manto de uma realidade tanto quanto dúbia .Precisaria arriscar Nem que o primeiro beijo fosse inteiramente pela metade
Ela que aprendera  a não esperar nada mais de mais ninguem,nunca soubera porém negar-se.Eram tantas as idéias  e tantos os ideais que extrapolavam os desejos pra rasgar as meias verdades
Inquieta por natureza sentia-se em paz aonde pensava dever estar.Era uma paz bem láááá...à prazo fixo ,num tempo prolixo sem pressa de definir-se .Mas era paz .Inquietar-se de amor pra quem sempre sonhou com ele ,seria pura paz. Mas seus fins de mundo instantâneos que concluiam-se mais rápido que macarrão "lamén " pareciam  assustadores para a maioria das pessoas.Como reagiriam, a ela depois do primeiro beijo...da primeira noite , quem esperava que a esperasse ainda  a amaria ?
Era tão difícil desabafar.Como explicar tantas outras  coisas que a olhos neutros seriam inexplicáveis ?Ah,porque só quem sente pressente.Só quem sente ressente e ainda assim aguenta firmemente .Que ao menos ele fosse preservado da insegurança, até melhor não descobrir como desmoronava por dentro.Poderia ter seu medo confundido com incerteza e melhor não arriscar.Insegurança é  pessoal.Papo dela consigo,porque não lhe restara pedir chão .Uma folha corrida de décadas de solidão.
Porque ter alguem  ao lado nunca significou presença física .O mundo lhe foi ermo desde os dezoito.Não sabia dizer ao certo se nunca tivera família ou a família nunca a tivera.E ser o patinho feio a fez aprender a não confiar em ninguém ( e ainda assim confiava .A vida toda quebrara a cara e continuava confiando ) Aprendera  a voar mal e a cair bem .Mas não aprendera a menosprezar o amor.Uma vida praticamente vivida em função de uma suposta metade  que quase na metade da vida passou a acreditar ser um conto da carochinha
Agora o que fazer do futuro ? Os bilhetes mais recentes ,borrados pelas lágrimas haviam sido amarrotados pelo desespero .A alguns dias tudo parecia tão certo...datas tão nítidas.Passos tão firmes embora a mente frequentemente se perguntasse : como vai ser ? E se para mim estiver tudo maravilhoso mas pra ele não ? Será que vai doer mais do que não tentar ? Tudo já tão confuso em termos de comunicação.Naquele distante lugar não havia telefone e não sabia até que ponto investir nas  cartas .Ouvira histórias de cartas extraviadas,correspondências violadas e sempre fora tão reservada em  relação aos proprios sentimentos.Estava sendo difícil quebrar tabus,barreiras.Estava difícil permanecer inteira quando sentia-se parte de uma abraço suspenso nos dias .Se a amasse esperaria.Mas...e se não amasse  que esperaria ela então ?

Olhara diversas vezes para a mala ao canto .Esquecida do seu perfume ,dos seus Cds...das suas roupas.Prateleiras reviradas.Retirara e recolocara peças sem perceber que era a ausência nela, a incompletude persistente que espreitava -lhe a penumbra.
Na bagunça do quarto nada mais a lembrava .Quanto mais olhava ao redor ,menos sentia-se parte daquele ambiente.Era aonde ainda conseguia esconder-se para chorar.Sempre tão contida ,via-se indefesa.Criança presa em um corpo maduro que não traduzia sua fragilidade .Encolhera uns vinte anos mentalmente.Regrassão atípica !Faltava pouco pra engatinhar e pedir um colo à(o) primeira (o) que passasse ,só pra fingir que tinha pai e mãe e por fim soluçar até os olhos incharem e o nariz virar uma bolinha arroxeada.Mesmo que por alguns minutos...mesmo que um pouquinho de mentirinha.Maior problema com pessoas.porque essas não entendiam porque chorava.Não poderiam saber a importância do que estava dentro dela.Brincadeira talvez pra outras pessoas.Não para ela.
Respirou fundo.O bilhete aéreo com data em aberto perturbava  os seus olhos fechados que apertavam-se de cansaço e espremiam-se  sedentos por esvaziarem-se de lágrimas .Algumas palavras ainda ecoavam na sua mente desde a ultima vez que se falaram:" não há mais tempo "...e seu coração respondia baixinho pra si propria : "Quando há amor sempre há tempo ".Ou o amor dos outros não era amor ou era um amor diferente ,daqueles que pensa que é, mas só que não.,porque amor  sempre enxerga além do proprio umbigo.Que importava agora ?Se tudo o que mais importava parecia não importar  a mais ninguem ?Ninguem percebia o quanto estava pequenininha escondida nela mesma ?Não percebiam o quanto as paredes  pareciam-lhe acusadoras ,sempre jogando-lhe na cara os  seus infortúnios ?! Não,certamente não percebiam...Melhor não tentar explicar mais nada ,ninguem iria entender ! Precisava descansar de si mesma ,se amar,porque ninguem faria isso por ela .Tentar fingir que viveria mais dias ,sabe-se lá quantos ... sem o que  (quem  ) sabia já não conseguir mais viver.
Tudo aquilo pertubara-lhe toda a semana sem que ninguem desconfiasse .Até desconfiavam...a ânsia lhe era trasnparência nos atos,nas palavras,na agressividade  com que agia quase mecanicamete pra disfarçar o furacão de pressa e medo que brincavam de pique - esconde  nas multipolaridades dos neurônios .Ninguem apenas conseguira entender a razão.E muitos continuariam sem...entender.



                                                  ( M. Almeida ) 





                                           



































                                                      

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