sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Minha Droga

 Uma gota de gelo na fronte ,escorrendo evapora nos poros congelando a lágrima que a dere à pele.
 Duas gotas de saliva na boca disfarçam a sede insana latejando na jugular...
Anéis de hormônios homônimos ,vibrando em entrelaçe
Três gotas de suor sobre o colo ,o percurso que calo...
o desejo que engulo  e atravessa a garganta ...bebo-o no gargalo afiando o punhal do teu nome
O som da tua voz ..uma gota de nós no espaço de tempo soterrado no orgulho ...um barulho de ecos que escorre-nos nas veias...Essas gotas de vida que tatuam
teu nome nos impulsos orgânicos dilatados  nos vasos:
capilares sem rosas ,com as pétalas  das suas estrofes tatuadas em espinho nas  prosas.
Letal a vontade da dose constante de todos os instantes expirados pela tua boca
O queimor na artéria abstinente ...
a alucinação do um  beijo que mente nosso gosto
Mas as gotas diluem-se em fluido  indolor
Aproxime-se ...quatro gotas de água no vértice acendem  incêndios.
O pedido ? Uma dose de atenção ou apreço ?!
O que  mereço : A  dose  infindável ,inesgotável de você.
Digo-lhe o que faço com a sua seringa : diluo-o sem escrúpulos e injeto-o inteiro em mim...
Se for pra morrermos nessa febre irracional ,que seja de overdose 
O preço ? A tua alma pela minha.E ainda é muito pouco
                         


                                                      ( M. Almeida )

                                 

Meu Poema




Meu poema vai além do que penso
embora nunca aquém do que sinto
Poemas são verdades vestidas de nudez etérea
se escrevo , sou etecéteras ,não minto!
Bem mais que em mim
em si mesmo não é fim...mas princípio do contraditório
Meu poema aleatório atira pedras aos teus conceitos
Preconceito : o enfermo eterno
O poema que alude ao trocadilhos que iludem
Esteja implícito no externo dos meus gritos
ou nos extremos dos meus infernos .Teus olhos...
São rabiscos visíveis dos meus incríveis purgatórios
O poema que rasga o risco é a beira do abismo
solipsismos ou aforismos ?!
quando cismo,me arrisco
Meu poema não componho
decompondo-me , o exponho
entre a ludicidade do paraíso
e a granada da palavra .A guerra é interna
Haja a guerra
que atira-me aos lobos ,sandice eterna
ou manda-os às favas
Meu poema ? A que endereço remeto ,se ele não pode nem mesmo ser meu!?
Será que não me vês
acima da hipócrita sensatez ?
Tal qual esse que ora lê
CRÊ
ESSE POEMA NÃO É MEU
ESSE POEMA SOU EU!
 
 
 
                                                    (M. Almeida )
 
 
                                 
                                        

Lobo Mau




Chapeuzinho chapeuzinho,o teu lobo não vem
Ele  que parecia lhe enxergar melhor
Aquele  de grandes olhos negros.. enigmáticos
Ele que possuía grandes  mãos para lhe afagar os cabelos
Mesmo sabendo você que todos os carinhos eram só
Na intenção de lhe comer.
Chapeuzinho  chapeuzinho ,o teu lobo não vem
Aquele de grandes orelhas que parecia escutar o
fundo do seu coração,quando ouvia a sua voz
O de longas pernas que tantas vezes seu desejo
Sonhou ,corressem atrás de você
Doce garota ,não chore não,não chore não
Até mesmo os mais dóceis lobos não tem compaixão.
Não sofra tanto nem se preocupe menina linda
Nenhum caçador o abateu 
Lobos são mais fortes do que pensa sua imaginação fértil
E gostam de   esconder-se brincando de assustar a presa
O teu lobo não vem , está ficando tarde...vai escurecer
Ahh menina boba, pare de se preocupar
se em algum atalho ele tombou
Não tenha remorso, afinal “canis lupus” acham-se muito espertos
Deve ter caído  a fera em alguma outra armadilha que ele próprio criou
Então pela estrada afora vai você tão sozinha
Tendo a lua como espelho
Sorrindo com os olhos ,passando teu batom vermelho
Cuide-se  e  prepare-se ...que
outros lobos famintos  ainda  te espreitam....


                                               ( M. Almeida )    


                                          
                





                                   

                             

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Dez Construções





Como o instante  diluído em mágica
em um próximo segundo de escuridão 
eu vejo em ti o desejo como
um beijo da ilusão 
Desses risos soltos
brincando no  rosto de uma canção
Em vão...
As pedras que rolam enrolam 
no dorso ,os despenhadeiros da imensidão
Não há chão aonde se plantem os passos
mas remendos dos laços vestidos de intenção
Todo o dito
Todo o fito
Não acredito
na beleza fugidia
que se doa à avaria 
Avalia?!
O tempo mostrará  exposta e cruamente
a beleza que jaz dormente 
 na entrega inconsequente
do que faz-se de mais  valia


                      

                                            ( M. Almeida )       




                                  

                                    


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Você meu amor







Eu poderia olhar você pelo resto da minha vida
sem jamais cansar de  acreditar que o seu olhar é
a poesia mais pura e o lugar mais seguro pra me guardar
Eu poderia despertar todas as manhãs com o gosto
do seu suor embaraçado em meus cabelos
sem jamais cansar de acreditar que transpira meu proprio ar
Eu poderia segurar a sua mão até que o ultimo sopro de vida
esfriasse a minha e ainda assim acreditaria poder estar com você em todas as circunstâncias e em todas as existências que porventura hajam.
Mas vou dormir acreditando que algum dia isso se tornará verdade.E acreditando nisso,poderia dormir para sempre...


                         

                                                      ( M. Almeida )


                                       



                                                           

Hera










                                 Mera sutileza
                                 não põe a  mesa
                                 aonde a beleza 
                                 se refastela
                                 Refletida nos ollhos verdes
                                 da apática espera
                                 Verde íris qual hera
                                 hibrida  e letal 
                                 fita o laço fatal 
                                 de raízes  icógnitas 
                                 viscejando nos 
                                 muros do nosso último 
                                 resquício de lucidez



                                              ( M. Almeida )
  




                                                        


                                

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Encontro




Vestir-nos assim : o sorriso de  luz ;
a pele de   arrepios.
Pra roubar-nos  afagos sinceros
Abraço no  frio
Aconchego em tempos vazios
Desejos sem brios
Amor de  coração
esse amor-constelação
É AMOR
Pra toda hora ,suspenso no  tempo ante qualquer razão
Arrancarmos a pele de lobos e cordeiros
humanos ,únicos e inteiros
Despir-nos  do medo  ,deixando fluir
o placebo que inebria ,do qual  se quer mais
Esse êxtase  viciante em carinhos banais :
o beijo bem escondido
tranbordando abrigo
ao terno e  à libido
Olhos ,bocas ,mãos
sozinhos,apenas nós sob lençois
dois fragmentos
espelhados na fragilidade mútua
que requer a permuta da essência
envolvida  em  riso manso
ritmo intenso 
Transparência que torna úmida
todo o resquício de nossas decências;
e lúdico todo o percurso das reentrâncias 
nessa ânsia de escapulir em segredo pelas
sendas semi ocultas da saciedade 


                                                        ( M . Almeida )


                                          

Doída





O grito censurado pela limitação alheia
A ceia  que era banquete não restou
sequer boquete.
Pressinto-o ,letal como o mais primitivo instinto 
A direcão da seta lançada é  o caminho sucinto
do beijo ao arquejo ...
Mas a  transparência no olhar que já não vejo ?!
Ainda assim inteiramente apta a beber-te os desejos :
obscuros impactos que aos olhos trazem cor
Se abra ou brindemos à morte do amor ?!
A porta do recinto ainda induz a labirintos,
Hoje  ressinto-te  e sinto.Mas só dor...



                                    ( M.Almeida  )