segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O meu Livro










  Um livro ? Sim , a idéia lhe parecia perfeita ! A história já se afigurava à  imaginação.Um poema sem rimas ,extenso o suficiente para ocupar todo um volume e extravazar pela vida afora.Versando sobre fadas e guerreiros ,sobre amores e a natureza .Cada página um portal musicado ,aonde as palavras pudessem criar vida e tracejar horizontes .O cheirinho salgado do mar misturado aos gritos estridentes
das gaivotas .Os risos ingênuos das crianças correndo sobre a grama e enfeitando um céu timbrado em papel couché .Passarinhos muitos,muitos ,tantos que ao menor descuido escapassem no mero folhear das páginas e fizessem ninhos nas árvores de nossos quintais .Toda letra escrevendo aromas ao descrever perfumes.Toda a tinta ,a impressão de claves compondo a trilha sonora de cada personagem e de cada um dos cenários interativos .Diversos e inusitados seriam eles : sereias banhando-se em copos de cristal elfos sentados em tronos de castelos e Jacarés roubando maçãs em árvores.Mas o detalhe mais importante: cada humano em cena teria o rosto exato ,sem maior ou menor traço ,daquele que sonhara os leitores .O respectivo cheiro das lembranças que houvessem guardado da infância,a textura da pele e o brilho dos olhos daqueles a quem haviam amado .Assim poderiam protege-los sempre consigo sob forma de miniaturas reais que venceriam o tempo ,a distância e a sordidez da morte.
   Os parágafos em estrofes poderiam reescrever-se ,corrigir-se ,diluir-se inúmeras vezes até preencherem os vazios dos olhos de quem os lessem .Até locupletarem-se de infinitos pra que as gravuras brincassem à noite ao redor dos travesseiros .


   Haveria de caber tambem um rio cristalino de lágrimas .Todas aquelas que a garota chorara ao escrever as linhas coloridas... e que então correriam em cascatas quase silenciosas por entre as pedras da ilustração final.


    
                                                            ( M. Almeida )




   Cada música ,cada imagem são portais para que o leitor vivencie o momento em que as palavras foram escritas.Que não sejam meramente interpretadas ,mas que sejam tambem sentidas ,porque cada obra literária é um quadro distorcido ou rebuscado das dores ,dos amores ,das decepções medos e sonhos dos seus autores :) Um livro aonde a umidade das lágrimas seiam reticências e não acondicionem mofo,e aonde as canções não precisem de parafernálias eletrônicas para serem ouvidas .Gostaria muito de poder escrever um livro assim :) .Kisses from May 
                                 
 

                                                            

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